O casal Horácio Santos e Fátima dos Santos, nos anos 80.
«(…) No caso do teatro foi sobretudo através da Juventude Africana Amílcar Cabral (JAAC-CV) que se promoveu a criação de grupos teatrais em diversos pontos do país, sendo de destacar dois: o Teatro Experimental Rubom Manel (TERM), na cidade da Praia, e a Oficina de Teatro e Comunicação de Assomada (OTACA), na cidade Assomada,no interior de Santiago, ambos criados em 1979. Nesse mesmo ano, durante o II Congresso da JAAC-CV, Jorge Lima especifica os objetivos da organização para as artes cénicas: “fazer um teatro de massas é o nosso principal trabalho no grupo, que decerto irá funcionar como um veículo para a transmissão e interpretação genuína da cultura de Cabo Verde junto do nosso povo.” (cit. D.S.,1979:4). (…)
O TERM era dirigido por um trio constituído por uma brasileira, Margareth Gomes, uma portuguesa, Maria João e um cabo-verdiano, Horácio Santos, este último conhecido contador de história radicado em Portugal e que era o rosto da companhia.»
João Guedes Branco
in CRIOULIZAÇÃO CÉNICA - Em Busca de uma Identidade para o Teatro Cabo-verdiano,
Tese de Doutoramento em Comunicação, Cultura e Artes, Janeiro, 2016,
Universidade do Algarve, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Portugal, pg. 127
***
«(…) Quanto ao Kontador di Storia, provavelmente a peça mais estruturada no curto historial do TERM, foi estreada em 1982, na cidade da Praia. Da crónica escrita por Luís Romano alusiva à peça para a Voz di Povo ficamos a saber que se trata de uma encenação realista, com uma figura central, um velho contador de histórias que funciona como um narrador, interpretado pelo próprio Horácio Santos, que assina também a dramaturgia e a encenação. A temática não varia muito: ume espécie de apanhado dos acontecimentos relativos ao período colonial sublimados pela linguagem cénica muito em voga naquele período (…). Assim fazem parte das opções de encenação a utilização de música tradicional para promover a criação de determinados ambientes, a mímica em câmara lenta para exaltar situações injustas retratadas no enredo, intercaladas com outras cenas executadas com um esmerado realismo.
Uma peça que impressionou Luís Romano, que não poupa elogios ao trabalho apresentado. (…)
O grupo chegou a deslocar-se à ilha do Fogo para participar nas populares Festas de S. Filipe, tendo actuado ‘perante o maior público de toda a sua existência. Para cima de um milhar de pessoas aplaudiu a peça Kontador di Stória’. (…)»
João Branco
in Nação Teatro, História do Teatro em Cabo Verde,
Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, Praia, 2004, pg. 169 - 170
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